terça-feira, 4 de outubro de 2011

Noosfera - Teilhard de Chardin, Yugo Kabeya e Leonardo Boff (Vídeos: Seres da Floresta)

O conceito da noosfera é atribuído ao filósofo francês Teilhard de Chardin. Segundo ele, assim como há a atmosfera, a geosfera e biosfera, existe também o mundo ou esfera das idéias, formado por produtos culturais, pelo espírito, linguagens, teorias e conhecimentos. Seguindo esta linha de pensamento, alimentamos a noosfera quando pensamos e nos comunicamos. A partir de então, o conceito de noosfera foi revisto e conseqüentemente sendo previsto como o próximo degrau evolutivo de nosso mundo, após sua passagem pelas posteriores transformações de geosfera, biosfera,“tecnosfera”
(temporária e em andamento) e, então, a noosfera.

Noosfera
O Universo é uno e indivisível. Cada um sente o universo de acordo com as suas limitações. Se a visão é ampla, o universo será amplo. Se a visão é restrita, o universo será restrito. Cada um vê o universo de acordo com o seu grau de conhecimento ou ignorância. Cada um é responsável para ampliar o seu universo. Assim fazendo, estará ampliando a consciência coletiva, trazendo frutos à humanidade.
Se todos falassem a verdade, e ninguém mentisse, haveria miséria no mundo?
Se todos cumprissem com a palavra, e se as ações refletissem as palavras e os pensamentos, haveria miséria no mundo?
Saberá quantos anos levarão para que o homem entenda que não são necessários deuses, messias, profetas, budas. Será tão difícil a emancipação da infantilização divina?

Derramaremos ainda muito sangue se as crianças dentro dos dirigentes mundiais não aprenderem a compartilhar a sua merenda.
Do que adianta a hipocrisia num mundo descaradamente hipócrita? É muito mais inconveniente ser singelo e sincero. A razão está nas mãos dos mais fortes. Os mais fracos simplesmente se contentam com a insanidade.
Aqueles que usurpam a razão, o discurso, a justificativa, a retórica, se munem da filosofia somente para esconder as sombras das intenções do seu coração. Justificativa sempre há, por mais nefasta que seja a vontade e o objetivo. Basta buscar, montar, estruturar e convencer a si mesmo que certos princípios podem ser atropelados em nome da ciência ou da filosofia.
Os nórdicos europeus não são familiarizados com o discurso e a retórica, pois o seu pragmatismo não permite. Já os latinos não são familiarizados com a pragmática, pois o seu excesso de discurso e retórica não permite.
Os chineses dominaram os mares antes dos europeus, com naus oito vezes maiores que as caravelas de Cabral. Se a China não tivesse abandonado a saga marítima, estaríamos falando chinês hoje?

A chegada dos europeus ao Novo Mundo foi um confronto entre uns que tomavam banho e outros que não tomavam banho. Os que não tomavam banho dizimaram os habitantes do Novo Mundo com as suas doenças. Quando o Oriente se tornar o Ocidente, o Ocidente se tornará o Oriente. O mundo inteiro planta, colhe, constrói, transforma bens e labuta muito para pagar as suas contas. Os norte-americanos simplesmente pagam as suas contas imprimindo dólares e comprando o que o mundo produz. Queremos o Brasil unido, pois o “Brazil” está nos alienando.
Os escravos da cidade de Atenas sabiam que a democracia era uma coisa para os cidadãos, homens de bens e de posses. Onde está a nossa cidadania?
Quando se esquenta o debate, perde-se a razão. Quando se esfriam as paixões, já não há mais razão de ser. Ilegal é sempre imoral, para conveniências circunstanciais. Imoral ou amoral nem sempre é ilegal, muitas vezes legal para a conveniência de poucos. Os sábios se contentam com nenhum reconhecimento, os intelectuais muito reconhecimento, os esforçados ainda buscam o queijo no labirinto. Quanto mais cautela, mais rigor, mais ciência, menos espontaneidade, menos erro. Um erro genético causou a mutação de um primata que evolui como h*** sapiens sapiens.
Quantos elementos existem no universo?
Depende de quantos universos existirem num elemento.
Quantos passos são necessários para a eternidade?
Depende como se faz a pergunta, pois a resposta é condicionada pela pergunta.

Hoje é um dia feliz. Amanhã também. Tudo vai depender do que sente o seu coração. Sorrir é bom. Não custa nada. Aumenta os níveis de serotonina e endorfina, e não faz mal para o bolso.
Quantos passos para a felicidade? Nenhum. Você está sentada nela!
Qual o tamanho do seu ego?
Pode ser perigoso se for maior que a sua pessoa. Caça ao tesouro. Quem estiver vivo, já encontrou.
Quantas palavras boas são necessárias para se construir um sonho, uma realidade?
Só sei que basta uma palavra ruim para destruir
.
Felizes os monges budistas que aprendem a falar a coisa certa, na hora certa, no lugar certo, para a pessoa certa. Muitos comem o que não necessitam, e se engordam. Muitos escutam o que não necessitam, e se abobam.
Tenha cuidado com o que come. Pode-se tornar remédio ou veneno. Quando o alvorecer deixar de ser, será tarde demais para agradecer a natureza.
Quantas pedras no caminho? Quantas pedras para se construir uma estrada?
A libertação do homem do trabalho não é o problema. O problema é o que fazer no ócio.

O ovo quando chocado no ninho, vira uma pequena vida. O ovo quando quebrado numa frigideira, vira uma pequena refeição. Uma refeição mal aproveitada, é uma vida não aproveitada. Cuidado com a vida. Ela vem sem manual de instruções. Gostaria de brincar sem parar, com a minha pipa, o carrinho de rolimã e as minhas amoras. Goiaba bichada, porém doce, no quintal do vizinho. Jabuticaba a manchar a camiseta, e um grande sorriso estampando a minha alma. Quando vier a entender como funciona realmente a vida, não terá mais necessidades que não sejam supridas.
Yugo Kabeya é Cientista Político, tradutor de línguas romances e historiador da Ásia. Trabalhou com ONG’s da Ásia, atuando como editor da revista AMPO da Pacific-Asia Resource Center, revista dos movimentos sociais na Ásia. Membro-fundador do Comitê de Apoio ao Trabalhador Latino-Americanos. Atuou como correspondente e resource person para organizações jornalísticas no Extremo-Oriente.

Noosfera expressa a convergência de mentes e corações, originando uma unidade mais alta e mais complexa. É o começo de uma nova história, a história da Terra unida com a Humanidade (expressão consciente e inteligente da Terra). Leonardo Boff

A atual crise econômica está colocando a humanidade diante de uma terrível bifurcação: ou segue o G-20 que teima em revitalizar um moribundo – o modelo vigente do capitalismo globalizado – que provocou a atual crise mundial e que, a continuar, poderá levar a uma tragédia ecológica e humanitária ou então tenta um novo paradigma que coloca a Terra, a vida e a Humanidade no centro e a economia a seu serviço e então fará nascer um novo patamar de civilização que garantirá mais equidade e humanidade em todas as relações a começar pelas produtivas. A sensação que temos, é que estamos seguindo um vôo cego e tudo poderá acontecer. De um ponto de vista reflexivo, duas interpretações básicas da crise se apresentam: ou se trata de estertores de um moribundo ou de dores de parto de um novo ser.

Alinho-me na segunda alternativa, a do parto. Recuso-me a aceitar que depois de alguns milhões de anos de evolução sobre este planeta, sejamos expulsos dele nas próximas gerações. Se olharmos para trás, para o processo antropogênico, constamos indubitavelmente que temos caminhado na direção de formas mais altas de complexidade e de ordens cada vez mais interdependentes. O cenário não seria de morte mas de crise que nos fará sofrer muito mas que nos purificará para um novo ensaio civilizatório. Não se pode negar que a globalização, mesmo em sua atual idade de ferro, criou as condições materiais para todo o tipo de relações entre os povos. Surgiu de fato uma consciência planetária. É como se o cérebro começasse a crescer fora da caixa craniana e pelas novas tecnologias penetrasse mais profundamente nos mistérios da natureza. O ser humano está hominizando toda a realidade planetária. Se a Amazônia permanece em pé ou é derrubada, se as espécies continuam ou são dizimadas, se os solos e o ar são mantidos puros ou poluídos depende de decisões humanas. Terra e Humanidade estão formando uma única entidade global. Buscamos centros multidimensionais de observação, de análise, de pensamento e de governança.

Outrora, a partir da geosfera surgiu a litosfera (rochas), depois a hidrosfera (água), em seguida a atmosfera (ar), posteriormente a biosfera (vida) e por fim a antroposfera (ser humano). Agora a história madurou para uma etapa mais avançada do processo evolucionário, a da noosfera. Noosfera como a palavra diz (nous em grego significa mente e inteligência) expressa a convergência de mentes e corações, originando uma unidade mais alta e mais complexa. É o começo de uma nova história, a história da Terra unida com a Humanidade (expressão consciente e inteligente da Terra). A história avança através de tentativas, acertos e erros. Nos dias atuais estamos assistindo à fase nascente da noosfera, que não consegue ainda ganhar a hegemonia por causa da força de um tipo de globalização excludente e pouco cooperativa, agora vastamente fragilizada por causa da crise sistêmica.

Mas estamos convencidos de que para a esta nova etapa – a da noosfera – conspiram as forças do universo que estão sempre produzindo novas emergências. É em função desta convergência na diversidade que está marchando nossa galáxia e, quem sabe, o próprio universo. No planeta Terra, minúsculo ponto azul-branco, perdido numa galáxia irrisória, num sistema solar marginal (a 27 mil anos luz do centro da galáxia), cristalizou-se para nós a noosfera. Ela é ainda frágil mas carrega o novo sentido da evolução. E não se exclui a possibilidade de outros mundos paralelos. A atual crise torna necessária uma saída salvadora e esta é noosfera. Então vigorará a comunhão de mentes e corações, dos seres humanos entre si, com a Terra, com o inteiro universo e com o Atrator de todas as coisas.

Leonardo Boff é autor de A nova era: a civilização planetaria, Record 2008. É um teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos. É respeitado pela sua história de defesa pelas causas sociais e atualmente debate também questões ambientais.

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