sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Yansã.

Iansã é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Níger que, em iorubá, chama-se Odò Oya. Foi a primeira mulher de Xangô e tinha um temperamento ardente e impetuoso. Conta uma lenda que Xangô enviou-a na terra dos baribas, a fim de buscar um preparo que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo de Xangô, que desejava guardar para só para si esse terrível poder.

Oiá foi, no entanto, a única das mulheres de Xangô que, ao final do seu reinado, seguiu-o na sua fuga para Tapá. E, quando Xangô recolheu-se para baixo da terra, em Kossô, ela fez o mesmo em Irá.

A senhora da guerra

Oiá vivia com Ogum antes de tornar-se esposa de Xangô. Vivia, então, com o ferreiro ajudando-o em seu ofício, principalmente manejando o fole para atear fogo à forja.
Certa vez Ogum presenteou Oiá com uma varinha de ferro que possuía o poder de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres, bastando tocá-la no corpo de um deles. Ogum dividia com Oiá, o poder de manejar essa arma nas guerras.

Nessa mesma vila vivia Xangô, simpático e sedutor que, vez por outra, ia à casa de Ogum apreciar não só o trabalho do ferreiro, mas também para arriscar olhares para Oiá. Xangô impressionava muito Oiá, principalmente por seu olhar majestático.
Um dia Oiá fugiu com Xangô fazendo com que Ogum saísse numa busca alucinante pelos dois. Ao encontrarem-se, Ogum e Oiá tocaram-se ao mesmo tempo com a varinha e o encanto aconteceu. Ogum dividiu-se em sete partes donde recebeu o nome de Ogum Mejê, e Oiá foi dividida em nove partes, sendo conhecida como Oiá Mesan, a mãe que se transformou em nove.

Quando Yansã saiu do banho, procurou a pele e não encontrou. Ogum, então, lhe disse que só devolveria a pele se ela casasse com ele. Assim foi. Com o passar do tempo as outras esposas de Ogum ficaram com ciúmes de Yansã, pois Ogum só dava atenção a ela. Embebedaram então Ogum que lhes contou o segredo de Yansã. Elas passaram a caçoar de Yansã, que ficou furiosa e matou a outras esposas de Ogum. Yansã chamou seus nove filhos e disse que teria que ir embora, mas deu a eles os chifres do búfalo dizendo que quando precisassem dela era só esfregar um chifre no outro e de onde ela estivesse apareceria para ajudá-los. Por isso um filho de Yansã nunca fica sem o auxilio dela.

Outra versão a lenda...

Antes de se tornar mulher de Xangô, Oiá tinha vivido com Ogum. Entretanto, a aparência do deus do ferro e dos ferreiros causou-lhe menos efeito que a elegância, o garbo e o brilho do deus do trovão. Ela fugiu com Xangô, e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar a seu rival; mas este último foi à procura de Olodumaré, o deus supremo, para lhe confessar que havia oferecido Ogum.

Olodumaré interveio junto ao amante traído e recomendo-lhe que perdoasse a afronta. E explicou-lhe: "você, Ogum, é mais velho do que Xangô! Se, como mais velho, deseja preservar sua dignidade aos olhos de Xangô e aos dos outros orixás, você não deve se aborrecer nem brigar; deve renunciar a Oiá sem recriminações".

Mas Ogum não foi sensível a esse apelo, dirigido aos sentimentos de indulgência. Não se resignou tão calmamente assim, lançou-se à perseguição dos fugitivos e, como vimos anteriormente, trocou golpes de varas mágicas com a mulher infiel, que foi, então, dividida em nove partes. Este número 9 , ligado a Oiá, está na origem de seu nome Iansã e encontramos esta referencia no ex-daomé, onde o culto de Oiá é feito em Porto Novo sob o nome de Avesan, no bairro Akron (Lokoro dos iorubás) e sob o de Abesan, mais ao norte, em Baningbé.

Mais uma lenda...

Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, Ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era yansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre.

Yansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro. Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher ate que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte.

Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma mulher e sim animal ), yansã foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.

Chegando em casa, ogum explicou suas outras esposas que yansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto ogum saía para trabalhar, yansã passava o dia procurando sua trouxa.

Desse casamento nasceram nove crianças, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia yansã. Depois que ogum dormiu as mulheres foram insulta-las, dizendo que ela era um animal e revelando que sua trouxa estava escondida no celeiro.

Yansã encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos. Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo bater as duas pontas; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de yansã/oya.

As pessoas dedicadas a Iansã, usam colares de contas de vinho grená. A quarta-feira é o dia da semana consagrado a ela, o mesmo dia de Xangô, seu marido. Seus símbolos são como na África: chifres de búfalo e um alfanje em uma das mãos e um espanta-moscas feito de cauda de cavalo na outra.

Suas danças são guerreiras e, se Ogum está presente, ela se enganja num duelo com ele, lembrança, sem dúvida, de suas antigas divergências. Ela evoca também, através de seus movimentos sinuosos e rápidos, as tempestades e os ventos enfurecidos. Seus fiéis saúdam-na gritando: "Epa Heyi Oya!"

No Brasil, Iansã é sincretizada com Santa Bárbara e, em Cuba, com Nuestra Senora de la Candelaria.

ARQUÉTIPOS

O arquétipo de Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que podem ser fiéis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixando-se levar a manifestações da mais extrema cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e frequentes, sem reserva nem decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados.

Gosta de objetos de adornos, principalmente as bijuterias e o cobre. Pessoa extrovertida, franca, amante da natureza, engraçada, revela ambição e temperamento forte. São guerreiras e comunicativas. Maníacos por viagens, honestos com modos seguros, deixando os outros em desvantagem. Em geral, são pessoas alegres, audaciosas, intrigantes, autoritárias, sensuais, e volúveis. Quando negativas, tentem a ter depressão, inquietude e ciúmes em excesso.

Yansã é orixá de um rio, conhecido como níger, (original yorubá= oyá).
Orixá dos ventos, raios e tempestades, também guerreira. Ágil e agitada como o próprio vento. Extrovertida e sensual como poucas. Senhora absoluta dos egúns, além de esposa predileta de xangô, divide com ele o domínio sobre as tempestades. Destemida, justiceira e guerreira, não teme a nada.

NOME: OYÁ/ YANSÃ / YANSAN
SAUDAÇÃO: EPA HEYE OYA (Ê PARREI) (CANDOMBLÉ/NAÇÃO).
CORES: MARROM (CANDOMBLÉ) VERMELHO E/OU ROSA (BATUQUE).
DOMÍNIO: VENTOS,TEMPESTADES, EGUNS;

OFERENDA: ACARAJÉ;
AXÉ (FORCA EMANADA): PROTEÇÃO CONTRA EGUNS .
DIAS DA SEMANA: 3ª FEIRA (BATUQUE), 4ª FEIRA (CANDOMBLÉ)
ADORNO: ESPADA EM METAL EM COR DE COBRE, IRUEXIM (RABO DE CAVALO).

Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras.

Santa Bárbara, rogai por nós.

Gloriosa virgem e mártir Santa Bárbara, que pelo vosso ardente zelo da honra de Deus padecestes, em tenebroso cárcere, fome, sede e cruéis açoites; que antes de serdes degolada pelo vosso próprio pai, milagrosamente, pudestes ainda serdes confortada pelo santo Viático no caminho para a eternidade; nos vos rogamos, ó santa virgem-mártir, nos alcanceis de Deus onipotente a mercê de nos indicar sempre o verdadeiro modo de praticar o bem, a fim de que, vivendo no seu santo temor e amor e sofrendo nesta vida com paciência as tribulações que nos acometerem, possamos um dia expirar santamente no ósculo de Deus, confortados pelo Pão da Vida, no caminho para a bem-aventurança eterna./ Obtende-nos, ó Santa Bárbara, / Não ter morte repentina; / E que nossa alma contrita/ Entre na mansão divina. Assim Seja.

YANSÃ = Santa Bárbara

COR: amarelo escuro

AMALÁ: 7 velas brancas e 7 amarelo escuro, água mineral, acarajé ou milho em espiga coberto com mel ou ainda canjica amarela, fitas branca e amarelo escuro e flores. Local de entrega em pedra ao lado de um rio.

IANSÃ (Banho de descarrego): Catinga de mulata – Cordão de frade – Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Acúcena – Folhas de Rosa Branca – Erva de Santa Bárbara.

Festa: Dia 04 de dezembro

IANSÃ, MÃE E SENHORA DOS VENTOS E TEMPESTADES...

IANSÃ, MÃE E SENHORA DOS VENTOS E TEMPESTADES, DAS HORAS AFLITAS E DAS ALMAS PERDIDAS. DONA DE TODAS AS DIREÇÕES OPEROSA DIVINIDADE EM PROL DOS DESÍGNIOS DOS FILHOS DECAÍDOS SEM NORTE E VONTADE. PIEDADE PARA NÓS, CRIATURAS QUE VIVEMOS,Á BEIRA DAS TENTAÇÕES, DOS ABISMOS,ALHEIOS AO AMOR DO PAI OLORUM. MÃE, EMPRESTA-NOS TUA DECISÃO E TUA CORAGEM. PARA O ENCONTRO DO NOSSO PRÓPRIO SER. DAI-NOS UM ROTEIRO DE ESPERANÇA E TRIUNFO.
ERRADICAI A POBREZA DOS NOSSOS SENTIMENTOS.
ORIENTAI-NOS PARA A VERDADE,DENTRO DO CAMINHO DE DEVOÇÃO AO SUPREMO DOADOR.
ENCORAJA-NOS SENHORA DOS RAIOS,PARA QUE NOSSA PRÓPRIA MENTE,SIGA UMA SÓ DIREÇÃO: AMAR A OLORUM

ÊPARREI YANSÃ!




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